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Quando em 28 de abril de 2013 o "The New York Times" dedicou uma das suas páginas ao casamento do ativista luso-americano João Crisóstomo com Vilma Kracun, não o fez pela proeminência social dos noivos, mas pelas importantes contribuições de João Crisóstomo a muitas causas que viu concluídas com grande sucesso.

No último quarto do século XX, João Crisóstomo não esteve ausente de nenhuma das grandes causas que atraíram o interesse geral das comunidades portuguesas da Costa Leste dos Estados Unidos e que, de uma forma ou de outra, também foram consideradas no amplo círculo dos direitos humanos e dos interesses, declarados ou não, do país em que nasceu, Portugal.

Este website é dedicado à história de activismo de João Crisóstomo revelando herois incógnitos que fizeram a diferença no mundo e as histórias desconhecidas que estão por detrás da História.

  • 1995

    SALVAR AS GRAVURAS RUPESTRES DE FOZ CÔA

    Em 1994, o Governo Português preparava-se para dar ordem de submerção a um dos maiores achados arqueológicos de Arte Rupestre em Portugal.

    Mercê dos contactos que soube construir no âmbito da sua actividade profissional de serviços à alta sociedade nova-iorquina (mordomo de milionários da sociedade americana, incluindo Jacqueline Kennedy Onassis), João Crisóstomo foi determinante, através do "The Times" de Londres, na internacionalização da questão das gravuras pre-históricas de Foz Côa e na suspensão, em 1995, da construção da barragem que as iria submergir.

    A sua proximidade a Rupert Murdoch, para quem trabalhava ocasionalmente, levaram-no a contactá-lo, pedindo pessoalmente a sua ajuda para divulgar internacionalmente o que se preparava em Portugal e este encaminhou-o para os editores de um dos seus jornais, o "The Times" em Londres, começando aí a pressão internacional que foi fundamental, para salvar as gravuras de Foz Côa. Hoje, as gravuras de Foz Côa estão sob a tutela da Unesco como Património Mundial da Humanidade.

    No âmbito deste movimento, João Crisóstomo criou em 1995 o “SAVE THE COA SITE MOVEMENT, USA” e promoveu demonstrações em Nova Iorque, sensibilizou diversos meios de comunicação internacionais e figuras da política e cultura da Europa (nomedamente a Unesco) e dos Estados Unidos, obtendo apoio para a salvaguarda das gravuras rupestres de Foz Côa através de artigos publicados na imprensa internacional, sendo os seus esforços creditados na época por jornais como o "The Times" de Londres, o "Le Monde" em França entre outros, como o coordenador internacional da defesa da arte rupestre do vale do Côa.

  • 1996

    O RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DE ARISTIDES DE SOUSA MENDES

    Até aos dias de hoje

    A acção filantrópica de diplomatas portugueses em relação aos judeus residentes na Europa durante a segunda guerra mundial, muito desconhecida nos Estados Unidos, mereceu-lhe atenção desde 1996, causa que conheceu através da advogada californiana Anne Treseder. Mesmo nos meios judeus que contactou, os únicos que conheciam a história do cônsul português em Bordéus eram o Nobel e sobrevivente do Holocausto Professor Elie Viesel e Baruch Tenembaum, fundador da Internacional Raoul Wallenberg Foundation.

    Em 1998 esteve directamente envolvido na preparação da exposição “Visas for Life” na sede da ONU em Nova Iorque, aberta a 3 de Abril de 2000 (data da morte de Sousa Mendes em 1954) e que, entre 52 diplomatas de 18 países, referiria o papel desempenhado na concessão de vistos a milhares de pessoas que fugiam do exército Nazi, pelos diplomatas portugueses Aristides de Sousa Mendes, Carlos Almeida Sampaio Garrido, Carlos Teixeira Branquinho e Carvalho da Silva.

    Esta exposição, promovida pelo activista judeu Eric Saul e o Rabino David Baron de Beverly Hills e patrocinada por cinco das mais importantes organizações judaicas nos Estados Unidos, abriu deliberadamente no dia em que passavam 45 anos sobre a morte do diplomata português Aristides de Sousa Mendes. A acção de Sousa Mendes foi aquela que nesta exposição obteve o maior destaque.

    Em 2004, no quinquagésimo aniversário da morte do ex-cônsul português em Bordéus, em colaboração com a International Raoul Wallenberg Foundation, da qual era vice- presidente, João Crisóstomo, esteve directamente envolvido na organização de mais de 80 acontecimentos em homenagem a Aristides de Sousa Mendes em 22 países. Associando-se a organizações judias, elevou o patamar da campanha com acontecimentos na ONU e outros eventos e exposições evocando a memória e a acção de Aristides Sousa Mendes.

  • 1996

    A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA DE TIMOR-LESTE

    Nos anos 1990 nem a política externa portuguesa nem a americana (nem a maioria dos outros países) incluiam na sua agenda a independência de Timor Leste. João Crisóstomo por muito tempo ignorante da situação, em 1996, ao tomar consciência da tragédia de que o povo timorense estava a ser vítima, resolveu dar o seu contributo, trabalhando para a realização de um referendo sob os auspícios das Nações Unidas, que João Crisóstomo acreditava ser a melhor e talvez a única maneira para se encontrar uma solução. E logo por artigos, rádio e televisão foi sensibilizando as comunidades portuguesas ao mesmo tempo que trabalhava a media internacional com o mesmo objectivo.

    Com um grupo de amigos, que eram na maioria os mesmos mordomos que com ele haviam lutado recentemente com pleno sucesso para salvar as gravuras de Foz Côa, criou em 1998, em Nova Iorque, a associação LAMETA (Luso-American Movement for East- Timor Autodetermination), através da qual apoiou pessoalmente nacionalistas timorenses que visitavam os Estados Unidos e promoveu acções de apoio à independência timorense junto de meios de comunicação social (NY Times, CNN e outros) e de órgãos do poder politico americanos, nomeadamente o Presidente Bill Clinton e o congresso americano, assim como contactos com outros líderes mundiais incluindo o Presidente Nelson Mandela. Simultaneamente organizou manifestações pro-independência em frente das Nações unidas e do consulado indonésio em Nova Iorque (1999). Com o apoio de associações luso-americanas e particulares, canalizou uma sucessão de donativos, acima de $200.000 dólares na época, para associações que no terreno timorense respondiam aos problemas sociais do território que se iria (re)tornar independente em 20 de Maio de 2002.

    Foi graças a diligências suas e de figuras políticas contactadas que o Senado americano aprovou a Resolução 237 de 22 de Maio de 1998 apoiando a realização de um referendo em Timor-Leste. A resolução foi apresentada pelos senadores Feingold, Reed, Moynihan, Kohl, Kennedy, Harkin, e Wellstone.

    Em nota de pormenor, numa altura em que pouco existia em Timor-Leste, e dada a sua proximidade com a causa timorense, chamou a si a tarefa de comprar uns óculos de que urgentemente precisava Taur Matan Ruak, então ligado ao comando da guerrilha nacionalista timorenses e futuro presidente de Timor Leste independente (2012-2017) e primeiro-ministro (2018- 2023). Os óculos foram comprados numa loja propriedade de Peter Pantoliano, situada na convergência da Niagara St. com a Ferry St. em Newark, NJ.

  • 2004

    DIA MUNDIAL DA CONSCIÊNCIA (17-JUN)

    Até aos dias de hoje

    Desde 2004, tem estado empenhado na declaração mundial do dia 17 de junho como o DIA MUNDIAL DA CONSCIÊNCIA. O dia 17 de Junho de 1940 foi a data em que, contrariando as ordens do governo em Lisboa mas obedecendo à sua consciência, Aristides de Sousa Mendes começou a conceder vistos em massa a judeus e a outros refugiados da Segunda Grande Guerra.

    O Dia 17 de Junho de 2004 e o “Acto de Consciência” de 1940 de Aristides de Sousa Mendes foram celebrados com cerca de oitenta eventos por todo o mundo, com destaque para 34 Missas celebradas com a maior solenidade em 21 países. Esta data continuou a ser celebrada nos anos seguintes, alguns deles com grande notoriedade. Em 2010 registaram-se vários acontecimentos e entre eles uma concelebração de quatro cardeais em Roma, que mereceu devida cobertura pela Agência Zenit: “Tribute paid to those who followed conscience”, Rome June 18, 2010.

    Semelhantes acontecimentos ocorreram em outros países e no Parlamento do Canadá houve uma moção introduzida pelo legislador luso-canadiano Mario Silva “encouraging all parliamentarians to recognize this devotion to conscience by supporting my motion designate June 17 each year a day of conscience, consistent with the international efforts of João Crisóstomo”.

    Na Audiência Geral de 17 de Junho de 2020 o Papa Francisco lembrou o dia:
    “Today is the Day of Conscience, inspired by the witness of the Portuguese diplomat Aristides Sousa Mendes, who around 80 years ago decided to follow his conscience and saved the lives of thousands of Jews and other persecuted people. May freedom of conscience be respected and always and everywhere and may every Christian give the example of the consistency of an upright conscience enlightened by the Word of God”.

  • 2006

    PARAR O PROCESSO DE ENCERRAMENTO DO CONSULADO PORTUGUÊS EM NOVA IORQUE

    Quando em 2006, o governo português decidiu encerrar o Consulado Geral de Portugal em Nova Iorque no âmbito de um programa de reorganização consular que queria implementar em todo o mundo, a acção foi vivamente contestada pela população luso-americana que o consulado servia. João Crisóstomo assumiu a liderança do movimento de contestação que, entre outras medidas, incluiu uma manifestação em Mineola, NY, em Janeiro de 2007. O Consulado Geral, que contava 45.000 inscritos, acabou por ser transformado num escritório consular e, mais tarde restituido ao seu estatuto anterior. Hoje é chefiado por uma diplomata do quadro a tempo inteiro.

  • 2008

    MOVIMENTO PELA LIBERTAÇÃO DE UM REFÉM LUSO-AMERICANO DAS "FARC" NA COLÔMBIA

    Em Abril de 2008, as comunidades portuguesas dos Estados Unidos viviam com alguma ansiedade a sorte do luso-americano Marc Gonsalves, refém desde Fevereiro de 2003, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Aproveitando-se da visita que o primeiro-ministro português José Sócrates iria efectuar à Venezuela, João Crisóstomo lançou uma accão de mobilização das associações portuguesas, 33 das quais escreveram uma carta ao primeiro-ministro pedindo-lhe diligências a favor do refém luso-americano junto do líder venezuelano, que mantinha bom relacionamento com as FARC. Escreveu João Crisóstomo na carta que endereçou ao primeiro-ministro português:

    “Estas associações de 6 estados norte-americanos, representando milhares de portugueses e luso-americanos, deram o seu apoio imediato a esta diligência que surgiu nos meios associativos portugueses de Newark, NJ, e que eu me limitei a coordenar em obediência a imperativos de consciência, por dever de solidariedade humana e por não desconhecer - como antigo combatente na Guiné - o que serão para um dos nossos - Marc Gonsalves - os horrores do isolamento e as tensões de um clima de guerra...”

    Marc Gonsalves e outros reféns acabaram libertados em 2 de Julho de 2008 na sequência de uma operação das forças militares colombianas sem que tivesse havido informação oficial da pressão do primeiro-ministro português.

  • 2017-18

    CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA NAS MONTANHAS DE TIMOR-LESTE

    Até aos dias de hoje

    Em Setembro de 2016, João Crisóstomo avistou-se em Nova Iorque com o primeiro-ministro de Timor-Leste Rui Maria Araújo mostrando-lhe documentalmente o que as comunidades luso-americanas tinham feito, quase anonimamente, pela independência de Timor-Leste. O chefe do governo timorense confessou que também desconhecia esse esforço, mas encorajou o activista a colocar em livro essa longa jornada que ele dirigira ou encorajara nos anos dificeis que precederam a independência. O livro foi impresso em 2017 (“LAMETA, o Desconhecido Contributo das Comunidades Luso- Americanas para a independência de timor-Leste”) e o primeiro-ministro quis que João Crisóstomo o fosse lançar a Dili.

    De passagem por Lisboa a caminho de Dili teve oportunidade de conhecer em Portugal o professor Rui Chamusco, natural do Sabugal e ex-professor na Lourinhã. Glória Sobral e o timorense Gaspar Sobral com quem havia casado, sensibilizaram Rui Chamusco sobre a situação de crianças esquecidas em Timor Leste. Foi o professor Chamusco que lhe falou de um projecto de uma escola nas longínquas montanhas de Liquiçã em cuja construção estavam também dispostos a dar o seu melhor contributo o casal timorense Gloria e Gaspar Sobral.

    Conta João Crisóstomo:
    “Quando cheguei a Timor Leste procurei e encontrei o João Moniz Eustáquio, irmão do Gaspar, que me levou às montanhas de Manati-Boibau, província de Liquiça, onde me aventurei para conhecer o local, onde encontrei centenas de "crianças esquecidas" e deparei nesse local com as necessidades e o muito interesse das gentes nas montanhas de Boibau pela construção de uma escola. No mesmo momento eu e a minha esposa Vilma que tinha vindo connosco a estas montanhas, resolvemos dar um contributo para este projecto para que ele começasse imediatamente e dei conta desta decisão ao Rui Chamusco.”

    O resultado foi que passadas duas semanas o local, sob a supervisão do Eustáquio, era já um fervilhar de actividades. A construção da escola tinha começado a todo o vapor.

    Em princípios de 2018 a escola era uma realidade. Foi inaugurada no dia 19 de Março com a presença do Embaixador José Pedro Machado Vieira; Mons. Mario Codamo representante do Vaticano em Dili; Dr. Rui Acácio director da escola portuguesa de Dili e outros que demonstrando vontade e inspiradora coragem enfrentaram os difíceis acessos ao local para aí estarem presentes nesse dia.

    Apesar de solicitadas, as autoridades portuguesas não dedicaram interesse a este projecto concretizado e os promotores da escola são também os responsáveis financeiros pelo salário do professor, para o qual construiram também uma residência. A escola é um edifício simples que consta de 3 salas possibilitando, quando em pleno funcionamento o atendimento a 120 crianças, em dois turnos, um de manhã e outro de tarde. A escola mais próxima fica de duas a três horas a pé, para cada lado, e o acesso é por trilhos. A frequência actual consta de 84 crianças, mas ainda não pode receber mais do que as que já tem, por força das presentes circunstancias. Estas escolas também ajudarão a dar futuro à língua portuguesa em Timor-Leste ensinando-a aos mais jovens (45% da população timorense tem menos de 50 anos de idade), muito pressionados a trocarem-na pela língua inglesa do seu poderoso vizinho Austrália.

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